Remo
e Botafogo de Ribeirão Preto/SP decidirão, às 20h00 (Horário de Brasília), uma
vaga para a grande Final do Campeonato Brasileiro da Série D 2015. Um
personagem muito interessante desta partida é o técnico da equipe paulista, Marcelo
Veiga, que, gentilmente, bateu um bom papo com o Blog:
RP: Em
1992, você foi campeão da Copa do Brasil, como jogador do Internacional/RS.
Quais as mudanças que você observa, no futebol, do período em que atuava para
hoje, quando está no comando técnico das equipes?
Marcelo Veiga: Eu acho que a evolução acaba sendo
necessária, até pelas condições que nós temos, hoje. Antes, os jogadores eram
mais técnicos e, hoje, a gente vê uma compactação diferente, com evolução muito
grande na parte física, a disputa é por um espaço cada vez menor. Essa mudança
exige uma atualização e a gente tem que estar preparado pra isso. Acredito que
o futebol de hoje está muito mais rápido, dinâmico e competitivo.
RP: Muitos
clubes do interior paulista são bem estruturados, mas não conseguem encher seus
estádios, sendo o contrário do que ocorre em Belém. O que você acha que falta
para os clubes paraenses alcançarem a estabilidade, no cenário nacional,
conseguida por times sem tanta expressão?
Marcelo Veiga: O que eu vejo, em relação ao futebol do
interior, é que é muito rico, em termos de qualidade e estrutura, mas o
problema do público é justamente por conta de calendário. Jogo quarta e
domingo, quarta e domingo, fica muito difícil do torcedor acompanhar o ritmo
dessas equipes e a gente sabe do nível que tem o Campeonato Paulista, que é
muito forte, e aqui, em Belém, a gente vê diferente. A gente vê as duas maiores
equipes do Estado do Pará, que são equipes grandes, com o torcedor apaixonado e
que acabam, realmente, lotando, o que faz a diferença para essas equipes. No
interior de São Paulo, tem a mesma paixão, não tenha dúvida. Mas a dificuldade
do torcedor é muito maior em relação ao torcedor do Pará.
RP: Em
2007, você conquistou o título da Série C com o Bragantino e lá ficou até 2012.
Como você vê essa longevidade no comando de uma equipe e se acha possível,
atualmente, alguém alcançar tanto tempo no comando de um time, com sucesso?
Marcelo Veiga: Eu acho que é super importante para
qualquer profissional. A longevidade te dá uma condição de planejar, executar e
colher os frutos. Eu tive a felicidade de ficar por cinco anos ininterruptos e,
depois, mais dois, entre idas e vindas, e conquistando. O mais importante é que
você faz o planejamento e acaba conquistando seu espaço, você ter as conquistas
dentro do clube é o que te dá a permanência para você desenvolver seu trabalho.
Acho que, para qualquer profissional, é super importante. Para as diretorias,
também, porque você tem um planejamento que, sendo executado, acaba atingindo o
objetivo final. Tô tendo o prazer de voltar, pela segunda vez, ao Botafogo e
cumprir com a obrigação que, na primeira vez, era colocar o time na Série D e
tive essa felicidade. Infelizmente, não consegui continuar, por conta de outros
clubes terem oferecido uma condição melhor e, hoje, retornei para fazer com que
o Botafogo voltasse ao Campeonato Brasileiro da Série C e, graças a Deus, cumpri
esse compromisso, com uma disposição muito grande e com o engrandecimento de
todos, Comissão Técnica, jogadores... o grupo que a gente montou foi,
realmente, muito importante nessa conquista.
RP: Você
passou pelo Remo, em 2012, quando comandou o time na Série D daquele ano. O que
levou daquela experiência para conseguir o acesso, em 2015, com o Botafogo?
Marcelo
Veiga: Foi
muito legal estar aqui. Participei de dois mata-matas, se não me engano*. No
segundo mata-mata, a gente acabou perdendo por ter tomado um gol dentro de
casa. A gente tava fazendo o resultado de 2 a 0, estava classificado e, de
repente, a gente acabou tomando um gol no finalzinho e acabou saindo fora (sic). Acho que essa
experiência me deu a condição de saber planejar bem o que eu ia fazer aqui no
Botafogo, principalmente nessa fase dos mata-matas, que a gente sabe que são
jogos decisivos e a gente tem que estar atento para não oferecer pro adversário
a condição de sair fora (sic).
*NOTA: Marcelo Veiga
comandou o Clube do Remo por três jogos, na Série D de 2012, sendo os dois
últimos pela Segunda Fase da competição, que se deu em apenas um mata-mata,
quando foi eliminado pelo Mixto/MT, após perder a primeira partida, no Estádio
Presidente Dutra, em Cuiabá/MT, por 2 a 0 e vencer a segunda, no Mangueirão,
por 2 a 1.
RP: Sócrates
e Raí são as revelações mais conhecidas e talentosas das categorias de base do
Botafogo. No elenco atual, quais os jogadores que são oriundos do juvenil do clube
que você destacaria?
Marcelo Veiga: Nós temos vários jogadores da base. A
gente tem treze jogadores da base à disposição, no elenco do Botafogo. Hoje, a
minha linha de defesa tem, praticamente, vinte anos, que é o Caio Juan, o
próprio Mancini, que é filho do Vagner Mancini, o Carlos, também, que tem a
mesma idade, o Daniel, que foi revelado aqui, na base, o próprio Mirita, o
Augusto... são todos jogadores revelados pelo Botafogo e, hoje, a gente tem uma
garotada que está despontando. Acho que o Botafogo faz um trabalho muito
bonito. Desde 2013, quando estive aqui, já vinha desenvolvendo esse trabalho e,
hoje, estamos colhendo os frutos desse trabalho de base que o Botafogo tem.
Registramos nosso
agradecimento à Assessoria de Imprensa do Botafogo Futebol Clube, na pessoa de
Rogério Moroti, que nos possibilitou a entrevista.