quarta-feira, 18 de maio de 2016

Federação Paraense de Futebol promove Curso de Atualização sobre as regras do esporte

Instrutor Roberto Perassi esteve em Belém para falar sobre as emendas nas normas reguladoras do esporte mais popular do mundo.
 
No dia 05 de março, a International Football Association Board (IFAB), reunida em Cardiff, na Escócia, aprovou alterações em dezesseis das dezessete regras do futebol, com o objetivo de facilitar a compreensão daqueles que militam no esporte. Por isso, o Instrutor Roberto Perassi, da Escola Nacional de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), esteve em Belém, nos dias 12 e 13 de maio, para ministrar um curso de atualização para os árbitros da Federação Paraense. O Blog esteve lá, cobrindo o evento e, claro, aprendendo sobre as mudanças.
 
Roberto Perassi palestrando aos árbitros da Federação Paraense de Futebol.
 

Segundo José Gilberto Guilhermino de Abreu, Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação (CA), a CBF está fazendo o Curso de Atualização em todo o país, já que o Campeonato Brasileiro iniciou na última sexta-feira, 13 de maio, com partidas válidas pela Série B e as regras novas já estão em vigor, no Brasil, apesar de que, a nível internacional, as mudanças serão válidas a partir de junho. A Confederação optou por aplicá-las ao Brasileirão desde o início, em todas as divisões, ainda em maio, para que atletas, árbitros e os demais envolvidos com o futebol se adaptem ao novo texto.
 

Roberto Perassi (ao fundo) e José Guilhermino Abreu destacam as emendas realizadas pela International Board.
 
O Instrutor Roberto Perassi, habilitado pela Confederação Brasileira de Futebol para ministrar a atualização dos árbitros, falou sobre o que representam as alterações:
 
"Na realidade, o que aconteceu com as regras, agora, foi uma sequência de emendas, um ajuste. A regra do jogo foi enxugada, mais de dez mil verbetes foram retirados da regra e a sua formatação foi feita de maneira que as regras dialogassem entre si. Havia um certo diálogo, mas em um ponto ou outro, elas acabavam se dissociando. Agora, não. Essas emendas criaram um diálogo, um facilitador para você, estudante de Jornalismo, que gosta de esportes, que gosta de futebol, para o árbitro, para o torcedor, para o jogador pegar esse texto e ter uma facilidade maior de entender. Essa foi a grande questão."
Perassi também destaca a importância de se trabalhar com o espírito da regra do jogo, que é uma das maiores mudanças no regulamento do futebol:
 
"O que a gente vai debater aqui é como o árbitro pode ajudar com que o futebol, com que o jogo melhore. Essa é a ideia dessas emendas. A regra do jogo não foi feita para o árbitro. Então, o árbitro não pode considerar que ficou mais difícil ou mais fácil. O árbitro, na realidade, tem uma função, dentro dela: aplicar e aplicar corretamente. Esse é o debate que a gente trouxe aqui pro Pará e estamos levando para o Brasil inteiro."
Joelson Nazareno Ferreira Cardoso, árbitro da FPF e do quadro nacional da CBF, que dirigiu a Final do Campeonato Paraense de 2016, destaca a relevância do Curso para o crescimento na carreira de todos os árbitros e assistentes de futebol, uma vez que o Brasileirão está começando e os juízes precisam estar por dentro das emendas. Ele ressaltou que os profissionais que não se submeterem a reciclagem pedida pela CBF e pela FIFA podem ser afastados do “apito”, razão pela qual precisam estar de acordo com as condições requeridas pelas entidades.

Joelson Cardoso dirigiu a Final do Primeiro Turno do Parazão e a Decisão do Campeonato. (Foto: Arquivo Diário do Pará). [1]
O único árbitro da Região Norte do Brasil no Quadro da FIFA, Dewson Fernando Freitas da Silva, esteve na Sede da Federação Paraense de Futebol para participar do Curso. Ele falou para o Blog da importância de se manter sempre atualizado sobre as regras de futebol e do que precisa um juiz para ser internacionalmente reconhecido:
 
"O árbitro de futebol sempre tem que estar se atualizando. Mesmo sem mudanças, você tem que se atualizar. Eu sempre falo para os meus companheiros: você tem que ser diferenciado, em qualquer aspecto, até mesmo no psicológico. Eles falam: “Dewson, tu és um cara extremamente tranquilo, sereno e o jogo está pegando fogo!” Então, você tem que mostrar algo diferente (...)"
Dewson Freitas é o único árbitro da Região Norte do Brasil a figurar no Quadro da FIFA. (Foto: Edu Andrade/Fatopress/Gazeta Press) [2]
 
A atualização promovida pela FPF dá seguimento ao trabalho da Comissão de Arbitragem, resgatando o prestígio dos profissionais locais, que eram desacreditados pelos clubes paraenses e, principalmente, pela Comissão Nacional, há alguns anos. José Guilhermino afirma que 50 das 51 partidas do Campeonato Estadual foram dirigidas por juízes da Federação, com os conceitos das avaliações da CA variando entre “muito bom” e “ótimo”, o que representa uma nota entre 8,5 e 9,0 pontos.
 
Roberto Perassi também destacou a evolução da arbitragem paraense:
 
"Houve uma mudança total de concepção, comportamental, gênero, idade, valorizou-se mais, trouxe gente jovem (...) Essa grande diferença faz, também, o crescimento do futebol paraense. A arbitragem começou e terminou nas competições, coisa que, há um tempo atrás, não acontecia. Quando chegava na fase final, tinha que chamar árbitros de outros lugares que se considerava, com todas as aspas, com uma melhor condição. Hoje, a coisa tá diferente. O Pará tem exportado árbitros para fazer finais em outros estados. Só isso já demonstra o crescimento da arbitragem (...) Precisa melhorar? Claro que precisa! Mas um passo de cada vez."
Joelson Cardoso falou da alegria ao ver os juízes da FPF participando do sorteio para arbitrar partidas das primeiras rodadas das Séries A e B do Brasileirão, ressaltando que esteve no de Bragantino/SP x Luverdense/MT, válido pela Segunda Rodada da Série B e por ter acontecido a mesma coisa com Dewson Freitas para a partida entre Corinthians/SP x Grêmio/RS, na abertura do Campeonato da Primeira Divisão. “Ser lembrado é importante”, assevera Cardoso.
Joelson Cardoso em atuação no clássico entre Remo e Paysandu. (Foto: Mário Quadros/Diário do Pará). [3]
 
Dewson Freitas fala do que é importante para um árbitro de futebol cumprir seu papel com excelência:
 
"Você tem que sentir o espírito do jogo, entrar na partida com segurança e coragem para fazer aquilo de forma correta, aplicando a regra, doa a quem doer, sem olhar a camisa, o jogador (...) Não interessa, para o árbitro de futebol, quem está no campo de jogo. Você tem que chegar e aplicar a regra tanto para um quanto para outro (...)"
O Blog agradece ao Presidente da Comissão de Arbitragem da FPF, José Gilberto Guilhermino de Abreu, por permitir a presença no Curso, bem como ao Instrutor Roberto Perassi e aos árbitros Dewson Freitas e Joelson Cardoso, pelos depoimentos.

REFERÊNCIAS

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Entrevista exclusiva: Fernando Henrique

Na última terça-feira (03/05), o elenco do Clube do Remo se reapresentou, no Baenão, com treinamentos físicos voltados à disputa do Campeonato Brasileiro da Série C. O experiente goleiro Fernando Henrique é um dos destaques do plantel azulino, na tentativa de ascender para a Segunda Divisão de 2017. O atleta conversou com o Blog e falou sobre os grandes momentos da carreira, as singularidades das competições disputadas na Região Norte e da expectativa para jogar a Terceirona pela primeira vez.
 
Fernando Henrique, goleiro do Remo. (Foto: Mário Quadros/Diário do Pará. Disponível em: http://www.diarioonline.com.br/esporte/para/noticia-355493-goleiro-destaca-obras-na-toca-do-leao.html).

RP: Você chegou às categorias de base do Fluminense com 16 anos. Como foi que decidiu atuar como goleiro?

FERNANDO HENRIQUE: Eu sou da época de 83, nascido em 83 e sou do interior de São Paulo. Na década de 90, todos os times grandes de São Paulo - Corinthians, São Paulo, Palmeiras - tinham um goleiro de expressão. Zetti, Ronaldo, Velloso... sempre estavam pegando pênaltis, fazendo grandes defesas. Então, aquilo me motivou. Sempre brincava no gol, dizendo que era aqueles goleiros, até que eu decidi seguir no gol. E goleiro é mais fácil, né? Quando é na pelada, ninguém aceita (risos). Então, fui por esse lado.
RP: Qual goleiro é seu ídolo? Por quê?
FERNANDO HENRIQUE: Cara, no começo de carreira era o Ronaldo. Eu era corintiano, entendeu? Mas, depois, eu tive como ídolo até um cara da minha idade, que é o Jefferson. Ele até errou, agora. Mas, para mim, é um goleiro completo. Já estive na Seleção com ele, conheço ele. Não só pelo futebol, mas sim pela pessoa que ele é.
Abraço de Fernando Henrique e Jefferson, goleiros campeões mundiais Sub-20 com a Seleção Brasileira, em 2003. (Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2010/07/abraco-no-amigo-jefferson-faz-fh-tambem-sonhar-com-selecao.html).

RP: Para você, qual foi o melhor momento da sua carreira?
FERNANDO HENRIQUE: Indiscutivelmente, foi em 2008, na Libertadores. A gente foi vice campeão e eu fui eleito o melhor goleiro. Acho que foi o melhor ano da minha carreira.
Fernando Henrique em atuação pelo Fluminense. (Foto: Fernando Maia/Agência O Globo. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-brasil/noticia/2011/05/fernando-henrique-espera-do-flamengo-gosto-de-jogo-grande.html).
RP: Você foi eleito o melhor goleiro da Libertadores de 2008, campeão da Copa do Brasil (2007), da Série A do Campeonato Brasileiro (2010), além de ter sido convocado para defender a Seleção Brasileira principal e campeão mundial com a Sub-20 (2003). Quando veio para o Remo, chegou para jogar a Série D. Como foi lidar com essas diferenças?
FERNANDO HENRIQUE: Foi complicado no começo, né, cara? Na carreira de um atleta profissional, ele nunca vai jogar nos seus 100%. Eu também, no meu passado, não fiz por onde, assim, entendeu? Fazia coisas extracampo que me prejudicavam bastante. Então, não foi culpa de ninguém, não. A única culpa de eu estar disputando uma Série D, ano passado, foi minha, mesmo. Só que eu tentei reverter a situação, fui jogar no Catarinense, né, cara? Fui eleito o melhor goleiro, lá. Fui bem, vim pra cá, conseguimos o acesso... a gente sempre tenta se reerguer e praticar o melhor futebol e conseguir títulos ou acessos.
Goleiro foi um dos principais jogadores do elenco que levou o Clube do Remo para a Semifinal da Série D de 2015 e, consequentemente, garantiu o acesso para a Série C de 2016. (Disponível em: http://portalarquibancada.com.br/noticias/p/1244/de-palavra).
RP: Como foi a experiência de jogar o Campeonato Paraense e a Copa Verde? Quais as peculiaridades das competições, em relação aos torneios que você já participou?
FERNANDO HENRIQUE: O Campeonato é bastante disputado. Os times do interior são “encardidos”, muita chuva, muita dificuldade, campo escorregadio... mas foi um campeonato bom. Infelizmente, não fomos capazes... acho que faltou competência pro nosso time chegar a Final desses campeonatos. Mas é vida que segue. É levantar a cabeça que a gente tem a Série C, aí e, com certeza, vamos fazer uma excelente participação.
RP: Você nunca disputou a Série C. Quais as suas expectativas para a competição?
FERNANDO HENRIQUE: Muito boas. Estamos numa chave muito competitiva, times de muita tradição, de fazer bons jogos... então, a gente está muito confiante de que vai fazer uma boa Série C.
Registramos o nosso agradecimento ao Fernando Henrique, pela atenção e disponibilidade para conversar com o Blog, bem como ao Assessor de Imprensa do Clube do Remo, Raphael Graim, por viabilizar a entrevista.